O QUE É A PSICOLOGIA EDUCACIONAL?
APRENDIZAGEM
Noção
Factores
MEMÓRIA
Tipos de Memória
A Relação Esquecimento-Memória
A IMPORTÂNCIA DO JOGO NA APRENDIZAGEM
O INSUCESSO ESCOLAR
Noção
Factores
COMBATE AO INSUCESSO ESCOLAR
NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS
O que é a Psicologia Educacional?
A psicologia é a ciência que estuda os processos mentais e o comportamento humano.
A educação é a construção do conhecimento, que engloba ensinar e aprender.
Psicologia educacional é a área da psicologia que aborda todas as problemáticas referentes à educação e aos processos de ensino e aprendizagem nas crianças e adultos (portanto está relacionada com a psicologia do desenvolvimento).
Cabe ao psicólogo educacional analisar a eficácia das estratégias educacionais, desenvolver projectos educativos, bem como desenvolver as capacidades das crianças com dificuldades de aprendizagem, em instituições educativas (escolas, creches, jardins de infância, internatos, instituições de reeducação, actividades de tempos livres, etc.). Estuda também o funcionamento da própria instituição enquanto organização (portanto está relacionada com a psicologia social e das organizações).
O psicólogo da educação pode intervir, tal como o psicólogo clínico, em dificuldades de natureza mental e emocional. Desde as perturbações de sono e alimentares até maus-tratos e abusos sexuais, numa perspectiva educacional.
Aprendizagem
Noção
Aprender significa “apreender para si próprio”, ou seja, fazer seu, assimilar.
Podemos definir aprendizagem como uma mudança relativamente estável e duradoura do comportamento e do conhecimento. É uma mudança que se traduz por um hábito ou por uma tendência a responder de uma certa forma numa determinada situação. Esta mudança é resultado do exercício e da experiência, podendo ocorrer de forma consciente ou inconsciente, num processo individual ou interpessoal.
A aprendizagem é um processo cognitivo que implica que o ser humano interaja com o meio, a partir da sua experiência de vida. Para se adaptar, cada um de nós tem de gerir a informação que recebe, tendo em conta as solicitações da situação e as informações que já possuímos. Assim se percebe que face a uma mesma situação, diferentes pessoas aprendam de forma diferente e que o resultado da aprendizagem seja também diferente. A aprendizagem é um processo pessoal, que envolve a totalidade da pessoa: o seu pensamento, as suas emoções e afectos, a sua história de vida. Ao aprender, modificamo-nos e reorganizamo-nos interiormente. O modo como integramos uma informação ou conhecimentos novos resulta de uma síntese entre o que somos e o que sabemos, entre as representações do mundo que possuímos e o que se nos apresenta de novo. Daí que não se possa ensinar a mesma coisa do mesmo modo a todas as pessoas; assim se explica por que razão não aprendemos da mesma maneira as mesmas coisas, mesmo que a informação seja a mesma.
Factores
São muitos os factores que influenciam a aprendizagem de formas mais ou menos directas, mais ou menos conscientes e em graus de abrangência e de importância diversos. Assim, podemos referir:
-A Dinâmica do Ambiente
A criança desenvolve-se, logo aprende, num ambiente. O que significa que o que vemos exprimir-se ou desenvolver-se diante dos nossos olhos depende, em larga medida, do contexto no seio do qual vive e age presentemente a criança, um contexto de que o adulto, tanto na família como na classe, faz parte, mesmo quando não intervém na acção da criança.
-Motivação
Aprende-se melhor e mais de pressa se se estiver interessado por um assunto. Uma pessoa motivada tem uma atitude activa e empenhada no processo de aprendizagem. Aprendizagem e motivação têm uma relação dinâmica: a motivação pode ocorrer durante o processo de aprendizagem.
-Conhecimentos Anteriores
Os conhecimentos anteriores podem condicionar a aprendizagem, na medida em que há conhecimentos prévios ou bases que se não tivessem sido concretizadas, não seria possível a aprendizagem. Uma nova aprendizagem só acontece quando a nova informação se apreende e relaciona com os saberes que possuímos.
-Experiências Passadas
As situações vivenciadas influenciam as atitudes face à aprendizagem, quer em relação aos conteúdos, quer em relação aos métodos utilizados. Uma experiência agradável dá-nos confiança e motivação para outras aprendizagens nesse domínio.
-Factores Sociais
O meio social, económico e cultural de origem dos alunos influencia em grande medida o processo de aprendizagem. Por exemplo, as crianças habituadas a ouvir historias, sentadas, quando vão para a escola estão mais adaptadas ao clima da sala de aula, apresentando maior capacidade de concentração. Os antecedentes culturais criam muitas vezes diferenças entre os alunos.
-Expectativas dos pais, dos professores e dos alunos
As expectativas que os professores e pais têm em relação aos alunos vão afectar o modo como interagem com eles, portanto, influenciam a auto-imagem dos alunos e o comportamento de ambos. As expectativas positivas geram comportamentos positivos e as negativas, comportamentos negativos.
-Quantidade de Informação
A capacidade para aprender novas informações é limitada: não é possível integrar grandes quantidades de informação ao mesmo tempo. Por este motivo, é necessário seleccionar a informação relevante e organizá-la para a memorizar.
-Diversificação das Actividades
Quanto mais diversificadas forem as abordagens a um tema e as tarefas a realizar, maior é a motivação e a concentração, logo mais eficaz é o processo de aprendizagem.
-Planificação e Organização
A forma como se aprende influencia o que se aprende. Estabelecer objectivos a cumprir, seleccionar estratégias, planificar, organizar o trabalho por etapas são elementos essenciais que controlam a aprendizagem e ajudam a desenvolver a autonomia.
-Cooperação
A aprendizagem cooperativa, ao implicar interacção e ajuda mútua, possibilita a resolução de problemas de forma eficaz. Isto porque a forma como cada um encara um problema e forma de o solucionar é diferente.
-Idade
A idade é um factor que interfere na aprendizagem, porque a cada estádio do desenvolvimento intelectual correspondem capacidades específicas. (Ver psicologia do desenvolvimento). Portanto, os conteúdos e as metodologias educativas têm de estar em consonância com o nível etário e de desenvolvimento dos indivíduos.
-Inteligência
O nível de inteligência de uma pessoa relaciona-se com a sua facilidade em aprender. As pessoas com maiores capacidades intelectuais conseguem elaborar raciocínios mais elaborados e resolver problemas mais depressa.
Memória
Inerente aos processos de aprendizagem está a memória. Só a memória nos possibilita reter o que aprendemos, para responder adequadamente à situação presente e nos proporcionar a possibilidade de projectar o futuro. É a memória que assegura a nossa identidade social.
A memória é um processo cognitivo que consiste na retenção e evocação das informações, conhecimentos, acontecimentos e experiências. A memória envolve um conjunto de processos:
-Codificação: preparação das informações sensoriais para serem armazenadas no cérebro.
-Armazenamento: a informação é conservada por períodos mais ou menos longos, para poder ser utilizada quando necessário.
-Recuperação: Quando precisamos, procuramos recuperar e/ou actualizar a informação armazenada, para utilizar na experiência presente.
Tipos de Memória
São os nossos receptores sensoriais que captam as informações do meio. Estes dados são codificados e retidos por um período de tempo que pode variar entre escassos segundos ou uma vida inteira. Consoante as formas de armazenamento da informação, distinguem-se três tipos de memória:
-memória sensorial: a informação que recebemos pelos sentidos (audição, visão, tacto, olfacto e sabor) é armazenada durante fracções de segundo;
-memória a curto prazo: designa o armazenamento de informação durante um período limitado de tempo, podendo ser esquecida ou passar a memoria a longo prazo;
-memória a longo prazo: permite conservar dados durante horas, meses ou toda a vida.
A Relação Esquecimento-Memória
Geralmente, associa-se o termo esquecimento a um valor negativo, sendo muitas vezes considerado uma falha de memória. Contudo, o esquecimento é essencial, porque é a partir do esquecimento que continuamos a reter informações adquiridas. É impossível conservar todos os materiais que armazenamos, portanto o esquecimento tem uma função selectiva e adaptativa: afasta a informação que já não é útil, para podermos adquirir novos conteúdos.
A Importância do Jogo na Aprendizagem
As crianças sentem uma necessidade fundamental de brincar. Brincar é uma actividade plena de sentido por parte da criança: é a sua aprendizagem do mundo e constitui a base do seu desenvolvimento.
Brincar é um dos pilares da educação. É através das brincadeiras que as crianças se desenvolvem, crescem, socializam, aprendem, partilham e constroem a sua personalidade. Brincar em grupo permite que a criança aprenda a esperar pela sua vez e interagir de forma organizada, respeitando normas.
Através da brincadeira, as crianças aprendem a funcionar como indivíduos únicos e descobrem o prazer de fazer as coisas com perfeição. Descobrem o que está no mundo que as cercam e imitam comportamentos observados em seu redor. Estes comportamentos influenciarão a sua aprendizagem e o seu próprio comportamento, que dependerão da maneira como compreendem a realidade.
Os jogos didácticos, como sopas de letras, puzzles e CD’s interactivos, ajudam a criança a desenvolver a memória e a aprender a concentrar-se. As canções e lengalengas permitem um enriquecimento do vocabulário e desenvolvimento das competências auditivas.
O Insucesso Escolar
Noção
O insucesso escolar é o baixo rendimento escolar dos alunos, que por várias razões, não alcançaram resultados satisfatórios, não atingiram os objectivos desejados no decorrer ou no final de um determinado período escolar e, consequentemente, reprovam.
Pode ser também designado pela falta de êxito no processo de ensino-aprendizagem. Portanto, quando se fala de insucesso escolar não se trata apenas do insucesso do estudante, mas do insucesso do sistema escolar, aquele que tem como projecto o ensino do aluno.
Factores
Entre as causas que levam ao fracasso educativo, destacam-se as seguintes:
-Dislexia: A Dislexia é uma perturbação da aprendizagem da leitura e é devida a falhas nas conexões cerebrais. É um problema do desenvolvimento que é muitas vezes confundido com preguiça ou falta de inteligência, mas a verdade é que as crianças disléxicas apresentam um grau de inteligência normal ou até superior ao da maioria da população. Alguns exemplos de pessoas disléxicas que obtiveram grande sucesso profissional são Thomas Edison e Albert Einstein.
A melhor solução para ultrapassar a dislexia passa por um diagnóstico precoce, a ajuda de um psicólogo em colaboração com professores e especialmente grande força de vontade parte do aluno.
-Disortografia: disfunção que consiste em cometer um número excessivo de erros ortográficos.
-Disgrafia: é a dificuldade na escrita. Caracteriza-se pela inversão de sílabas, omissão de letras, a escrita continua ou com separações incorrectas.
-Discalculia: é definido como uma desordem neurológica específica que afecta a habilidade de uma pessoa em compreender e manipular números. É um problema relacionado com o cálculo aritmético, confusão numérica, inversão de números ou escrita em espelho.
-Problemas auditivos ou de visão: sentir frequentemente dores de cabeça ou escrever demasiado curvado, são sintomas de um problema de visão que pode afectar significativamente a aprendizagem.
-Hiperactividade: Este problema afecta mais os rapazes do que as raparigas. Caracteriza-se pela impulsividade, incapacidade de estar quieto, de permanecer sentado no seu lugar, em manter-se atento e concentrado e acatar ordens. As soluções usuais são a medicação e as terapias ao nível do comportamento da criança.
-Problemas de memória: as crianças com problemas de memória têm dificuldades em aprender a seleccionar a informação importante, relacioná-la com os conhecimentos anteriores e fixá-la na memória por alguns períodos de tempo.
-Sobredotação: Devido ao nível intelectual não estar adequado ao nível de ensino, as crianças sobredotadas não têm motivação para estudar, o que leva a um baixo rendimento escolar.
-Bullying: é a violência escolar, um conflito em que o agressor actua deliberadamente com a intenção de ferir a vítima, através de violência física, críticas, humilhações, ameaças, etc. O agressor caracteriza-se pela sua impulsividade e necessidade que tem em dominar os outros e geralmente escolhe colegas que não sabem defender-se adequadamente ou que apresentem determinadas características físicas e psicológicas. O bullying, que os pais costumam ignorar e denominar por brincadeiras de crianças, é na realidade uma fonte de stress que provoca perturbações psicológicas, influencia a concentração e a aprendizagem e leva ao insucesso escolar.
Combate ao Insucesso Escolar
Aqui se apresentam algumas sugestões de estudo. Cada pessoa tem de encontrar o método de estudo que melhor se aplique à sua personalidade e à matéria a estudar.
-Visto que a falta de concentração (que deriva da hiperactividade, da sobredotação e do bullying) condiciona o rendimento escolar, para evitar e combater o insucesso, é essencial aprender a concentrar-se. Para se estar concentrado numa tarefa, primeiro é preciso estimular o interesse, adaptando a matéria à realidade; deve-se evitar fazer várias tarefas ao mesmo tempo e controlar todo o tipo de distracções.
-Tomar apontamentos nas aulas enriquece a atenção e potencia a memória, principalmente se não reproduzirmos literalmente as palavras do professor e fizermos uma síntese do que é dito usando as nossas palavras. Os apontamentos devem ser feitos com boa caligrafia, usando abreviaturas e devem ter boa apresentação, pois quanto mais agradáveis forem, mais atractivos se tornam e consequentemente, mais fáceis de estudar.
-O local de estudo deve ser silencioso, ter iluminação e temperatura apropriadas, confortável e com mobiliário adequado às necessidades e à estrutura física. O material necessário deve estar disponível. É fundamental elaborar e cumprir um horário de estudo que garanta tempo para descansar, fazer refeições e para o lazer.
-Chegada a hora de estudar é importante ler o texto muitas vezes até o entendermos bem.
-É útil sublinhar as ideias importantes e palavras-chave, porque ajudam a reter os conceitos mais facilmente.
-Fazer um resumo, ou seja, condensar a informação num pequeno texto retirando apenas o principal. O resumo caracteriza-se pela brevidade, clareza, hierarquia (organizado com um fio condutor) e integridade (tem de estar completo). Deve ter 10 a 20 % do tamanho do texto original.
-A construção de um esquema/mapa conceptual é o melhor meio para sintetizar com eficácia a matéria. Ajuda a memorizar, porque é um esquema que reflecte a informação de modo sequencial, os conceitos mais importantes e a forma como eles se relacionam. O esquema deve ter título, ser breve, organizado, ter símbolos (setas, chavetas, desenhos), palavras-chave, quadros, sublinhados e diversos tamanhos de letras, destacando o principal do secundário. Para decorar novos conceitos, podemos comparar ideias, relacioná-las com exemplos, fazer analogias e até associações ilógicas.
-Memorizar: existem algumas técnicas para memorizar:
-Repetição: repetir a matéria um determinado número de vezes, até que esteja totalmente apreendida;
-Imagens Mentais: recorrer a imagens é um bom recurso para pessoas com boa memória visual.
-Palavras-chave: a ideia é associar um tópico a cada palavra-chave, de modo que, ao lembrar esse tópico, se recorde todo o raciocínio de uma matéria.
-Técnica dos números: para as pessoas com maior facilidade em decorar números, é útil a codificação de informações em números, por exemplo, associar letras do alfabeto a números.
-Rimas e jogos: adaptar rimas, jogos e cantigas à informação ajuda a memorizar muito facilmente.
-As revisões: Depois de estudar, para consolidar durante um longo período de tempo a informação, devemos fazer quatro revisões:
1ª- 10 minutos depois de terminado o estudo. A informação permanece no cérebro durante as 24 horas seguintes.
2ª -No dia seguinte, durante quatro minutos, permite conservar a matéria durante uma semana.
3ª-Uma semana depois, durante dois minutos para reter a informação durante um mês.
4ª-Passado um mês, durante dois minutos.
-Antes de se aplicar os conhecimentos estudados, é necessário certificarmo-nos de que eles foram correctamente apreendidos. Pode-se fazer um pequeno teste, quer através de perguntas que outra pessoa possa fazer, quer através da récita dos conhecimentos. Este teste pode revelar fraquezas e dúvidas que se podem tirar antes dos exames.
Necessidades Educativas Especiais
A Educação Especial é o ramo da Educação que se ocupa do atendimento e da educação de crianças excepcionais, desde as deficientes mentais, surdos e cegos até às talentosas, como as sobredotadas. Inclui também crianças pertencentes a minorias étnicas ou culturais e crianças desfavorecidas ou marginais, bem como as que apresentam problemas de conduta ou de ordem emocional. A perda ou inexistência de um dos sentidos altera o comportamento e o modo de vida de um indivíduo. O desenvolvimento da linguagem e a integração social dependem da visão e da audição. Numa criança, a surdez vai provocar dificuldades na aprendizagem e na linguagem oral.
As crianças são consideradas educacionalmente excepcionais quando por alguma espécie de limitação requerem certas modificações ou adaptações no programa educacional, isto é, quando os desvios do seu desenvolvimento atingem um grau que requerem providências pedagógicas desnecessárias para a maioria das crianças.