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Caminhando pela Psicologia



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Psicologia do Desenvolvimento


INTRODUÇÃO
CRIANÇA ACTIVA OU PASSIVA
TEORIA DE JEAN PIAGET
NOÇÃO DE ESTÁDIO DE DESENVOLVIMENTO
- Estádio sensório- motor
- Estádio pré- operatório
- Estádio das operações concretas
- Estádio das operações formais
FREUD
DONALD WOODS WINNICOT
RENÉ SPITZ
- estádio não objectal
- estádio percursor do objecto
- Estádio do objecto Libidinal
Conclusão












Introdução


      A pesquisa no campo do Desenvolvimento tem-se vindo a expandir a um ritmo acelerado e impressionante. O progresso torna-se especialmente evidente em áreas como a percepção da memória, linguagem, características de temperamento e ligação afectiva criança-mãe. Durante as primeiras décadas deste século, os objectivos da psicologia do desenvolvimento eram basicamente a descoberta e a descrição das tendências próprias de cada idade, das características comportamentais cognitivas e físicas. Contudo os pesquisadores neste campo nos últimos anos passaram a preocupar-se cada vez mais com a explicação e com os processos e mecanismos subjacentes ao desenvolvimento humano. Algumas das razões para a existência de uma psicologia do Desenvolvimento é o facto de as reacções dos seres humanos serem influenciadas pela sua história anterior de experiências. É improvável que possamos entender os adultos a menos que apreciemos as relações precisas entre as experiências da infância e as habilidades, desejos e crenças do adulto. As habilidades, motivos e medos dos adultos são melhor entendidos se for estudado o seu desenvolvimento, desde o início da infância. É útil podermos predizer o comportamento adulto a partir do conhecimento das primeiras experiências.


    Na palavra psicologia, apresentamos a psicologia da criança como uma psicologia genética, isto é, como uma descrição de um desenvolvimento progressivo do espírito da criança. Salta aos olhos que há um desenvolvimento da personalidade e das suas diversas componentes, físicas e morais, desde o recém-nascido até ao adulto.


    Este desenvolvimento faz-se de maneira lenta e contínua, no entanto com momentos de crise que são passos em frente e com períodos de relativa estabilidade que são etapas. Mas por estes períodos de crise e de estabilidade não serem nítidos, não temos que nos admirar das divergências existentes entre os autores.
    Há uma outra razão para esta divergência, não é evidente que o crescimento do corpo, da afectividade, da razão e da liberdade vão a par. É nítido por exemplo que a crise fisiológica da puberdade e a crise psicológica da adolescência não coincidem perfeitamente. Conforme determinado autor pôs em relevo tal ou tal aspecto do desenvolvimento da criança, assim as suas divisões poderão ser diferentes das de outro. Finalmente não é preciso ter uma grande experiência para se dar conta de que há diferenças notáveis de indivíduo para indivíduo: as crises são muito acentuadas num , e quase inexistentes noutro, os momentos de relativa estabilidade, são mais ou menos longos, o indivíduo pode estar com avanço ou com atraso no seu desenvolvimento. Toda a determinação se faz aqui com base numa média: é verdadeira no conjunto, falsa em cada caso individual.


    Tendo em conta todas estas reservas, é indispensável, para ver claro, distinguir etapas e descrever as características de cada uma. Isto não é importante apenas para a clareza do espírito, é essencial para o pedagogo e o educador.














Criança Activa ou Passiva?



- Será a criança activa ou passiva frente ao mundo das pessoas e dos objectos?



- Será a criança fundamentalmente guiada pela experiência ou será capaz de seleccionar de modo activos as experiências que deseja compreender e investigar?



    A primeira perspectiva (John Watson, Bandura) mostra a criança como facilmente moldável de acordo com os padrões escolhidos por quem toma conta dela. Estes constituem os moldes que a criança irá imitar. Numa segunda perspectiva a criança é considerada activa, esta é colocada como capaz de um maior grau de controlo do seu próprio desenvolvimento. Há limites aos poderes do meio ambiente para a modificação da criança. Está pressuposto que é inerente à mente humana o ser atraída pela compreensão e que é a maturação que determinará quando um simples evento passará a ser encarado como um problema a ser entendido.

   Tanto a exploração do incomum como a construção mental de objectos ou ideias a partir de algum projecto prévio são propriedades inerentes ao ser Humano.











Teoria de Jean Piaget


                                                 



                     

    Jean Piaget considera que a criança tenta compreender o seu mundo através de um relacionamento activo com as pessoas e objectos. A partir dos encontros com acontecimentos, a criança vai se aproximar do objectivo ideal que é o raciocínio abstracto. Piaget estimulou o interesse pelos estágios maturacionais do desenvolvimento e pela importância da cognição para muitos aspectos do funcionamento psicológico, tendo actuado como uma contra força construtiva à ideia de que as crenças, pensamentos e modos de uma criança abordar problemas são basicamente o resultado daquilo que se lhe ensine directamente. Piaget acredita assim que os objectivos do desenvolvimento incluem a habilidade para raciocinar de modo abstracto, para pensar sobre situações hipotéticas de modo lógico e para organizar regras, por ele designadas operações, em estruturas de nível superior mais complexo.






Noção de estádios de desenvolvimento



    A noção de estádio é, de certo modo, artificial e surge como instrumento de análise, indispensável para a explicação dos processos e das características que se vão formando ao longo do desenvolvimento da criança.
    A criança, à medida que evolui vai-se ajustando à realidade circundante, e superando de modo cada vez mais eficaz, as múltiplas situações com que se confronta.     
   Se uma criança de 3 anos resolve determinado problema, suscitado pelo meio, que não conseguia aos 2 anos, é porque possui, a partir de agora uma determinada estrutura mental diferente da anterior e, de certo modo, superior, porque lhe permite resolver novos problemas e ajustar- se à situação.    
   Os sucessivos ajustamentos da criança ao meio que se vão manifestando ao longo do seu desenvolvimento devem interpretar- se em função desses mesmos estádios.     
   Os vários psicólogos da criança não são unânimes no que se refere à sucessão dos estádios, na medida em que cada um os aplica como instrumentos da sua própria teoria explicativa.


    Piaget refere-se a estádios não numa perspectiva global, mas cada estádio não comportando todas as funções: mentais, fisiológicas, sociais e afectivas, mas somente funções específicas. Assim considera a existência de estádios diferentes relativamente à inteligência, à linguagem e à percepção. Piaget refere que a aceitação da noção de estádio exige determinados pressupostos, tais como:



- Carácter integrado de cada estádio. As estruturas construídas e específicas de determinada idade da criança tornam- se parte integrante da estrutura da idade seguinte;


- Estrutura do conjunto. Os elementos constituintes de determinado estádio estão intimamente ligados entre si e contribuem conjuntamente para caracterizar determinada conduta;


- Todo o estádio tem um nível de preparação e um nível de consecução .O estádio não surge definido e acabado, mas evolui no sentido da sua superação.


- As crianças podem iniciar e terminar determinado estádio em idades diferentes. O período estabelecido para delimitar os estádios é médio.


    Os estádios de Piaget colocam a tónica na função intelectual do desenvolvimento. Ele não nega a existência e a importância de outras funções, mas delimita e especifica o campo da sua investigação ao domínio da epistemologia genética.


    A psicologia da criança, em Piaget, quase se identifica com uma psicologia da inteligência.








    Cada estádio é definido por diferentes formas do pensamento. A criança deve atravessar cada estádio segundo uma sequência regular, ou seja, os estádios de desenvolvimento cognitivo são sequenciais. Se a criança não for estimulada / motivada na devida altura não conseguirá superar o atraso do seu desenvolvimento. Assim, torna-se necessário que em cada estádio a criança experiêncie e tenha tempo suficiente para interiorizar a experiência antes de prosseguir para o estádio seguinte.


    Normalmente, a criança não apresenta características de um único estádio, com excepção do sensório - motor, podendo reflectir certas tendências e formas do estádio anterior e / ou posterior, Ex. : uma criança que se encontre no estádio das operações concretas pode ter pensamentos e comportamentos característicos do pré-operatório e / ou algumas atitudes do estádio das operações formais.











Estádio sensório-motor

(0 - 18/24 meses)

    Neste estádio a criança desenvolve a sua motricidade e os seus mecanismo sensorias, ou seja, ela desenvolve os mecanismos locomotores ( gatinhar e andar) e de preensão que lhe permitiram explorar o meio em que se encontra, ao mesmo tempo que desenvolve a visão, a audição, o tacto etc.


    Este estádio ao contrário do que se poderia pensar é de extrema importância para o desenvolvimento intelectual futuro, porque quanto mais estimulada for a criança, mais possibilidades ela terá de se desenvolver intelectualmente.


    Ao nascer a criança dispõem de um conjunto de reflexos, sendo a sucção um deles. O reflexo existe, porém só se revela na presença do estímulo que o consolida e exige o seu funcionamento. Quando a criança alcança o seio da mãe, o reflexo da sucção obtém seu estímulo adequado. Mais tarde, levará todo o tipo de objectos à boca ( generalização do reflexo).

    Com cerca de 6 meses o bebé já é capaz de procurar os objectos escondidos. Com um ano de idade a criança experimenta activamente novos comportamentos. Tendo atirado um boneco que tinha na mão, ao chão, a criança repete várias vezes e em várias posições esse mesmo comportamento para verificar e feito obtido.


    

    Este estádio indica o contacto da criança com o mundo e o ínicio da sua exploração. A criança adquire um conhecimento prático do mundo que a rodeia.


Estádio pré-operatorio

(2 - 7 anos)

    Umas das características deste período é o desenvolvimento da actividade simbólica, caracterizada pelo facto da criança diferenciar o significante do significado.
A criança desenvolve a linguagem, estando esta muito ligada à função simbólica.
Características deste período de desenvolvimento:



Egocentrismo


- considerado como a incapacidade manifesta da criança de se por no ponto de vista do outro.


    A criança considera que o que é mais importante para os outros é o que é mais importante para si; o objecto que fica mais perto dela é também o que fica mais perto de outra pessoa, mesmo que esta se encontre no lado oposto, tendo por isso outros objectos que estão mais perto de si do que aquele que está mais perto da criança. A criança que tem um irmão dirá isso mesmo, que tem um irmão, mas se lhe perguntar-mos quantos irmãos tem o seu irmão poderá dizer que não tem nenhum. Neste estádio, a criança afirma mas nunca demonstra, porque o carácter social da sua conduta, dado o seu egocentrismo, não lhe permite provar as coisas perante os outros. A criança não sente necessidade de se justificar.



Irreversibilidade


-     Refere-se à incapacidade manifestada pela criança para entender a reversibilidade de certos fenómenos, ou seja, ela não percebe que as coisas permanecem as mesmas, mesmo que sofram uma operação ( transformação ). É em consequência desta característica que se chama a este período pré-operatório. A criança mão entende o problema da conservação ( quer dos líquidos quer dos sólidos ). A criança não percebe por exemplo que a quantidade de massa e de água não se altera apesar de mudarem de forma. A criança deste grupo etário não se consegue descentrar ou seja ela focaliza a sua perspectiva apenas numa dimensão do estímulo e não entra em conta com os outros factores.


Raciocínio Transdutivo


- é um tipo de raciocínio que parte do particular e chega ao particular. Referindo-se à sua filha, Jaquelina, Piaget observa que o facto de ela ver o pai aquecer a água para fazer a barba, lhe permite concluir que sempre que se aqueça a água, é para o pai fazer a barba.



Animismo


– Tendência para considerar as coisas como sendo vivas, dotadas de intenções e de consciência. Esta característica exprime uma confusão entre a realidade objectiva e subjectiva. A criança observa os objectos e apercebe-se de que são úteis para o homem, e por isso, confere-lhes intencionalidade.


Artificialismo


- é a crença de que as coisas foram construídas pelo homem ou por uma entidade divina, mas de forma semelhante ao da fabricação humana. A criança acredita que “ as montanhas crescem porque se plantaram pedras que foram fabricadas”



Jogo


- Para Piaget o jogo mais importante é o jogo simbólico (só acontece neste período), neste jogo predomina a assimilação (Ex. : é o jogo do faz de conta, as crianças "brincam aos pais", "ás escolas", "aos médicos", ...). o jogo de construções transforma-se em jogo simbólico com o predomínio da assimilação (Ex. : Lego - a criança diz que a sua construção é, por exemplo, uma casa. No entanto, para os adultos "é tudo menos uma casa").
- Inicialmente (mais ao menos aos dois anos), a criança fala sozinha porque o seu pensamento ainda não está organizado, só com o decorrer deste período é que o começa a organizar, associando os acontecimentos com a linguagem na sua acção.
A criança ao jogar está a organizar e a conhecer o mundo, por outro lado, o jogo também funciona como "terapia" na libertação das suas angustias. Além disto, através do jogo também nos podemos aperceber da relação familiar da criança (Ex. : Quando a criança brinca com as bonecas pode mostrar a sua falta de amor por parte da mãe através da violência com que brinca com elas).


Realismo Moral


- a criança considera que os deveres e os valores t~em uma identidade própria, independentemente da consciência do sujeito; impõem-se por si. A gravidade de um acto não é medida em função da intenção que o motivou mas em função dos prejuízos materiais. A criança que, ao ajudar a mãe a pôr a mesa para o almoço, parte, sem querer, quatro copos, merece um castigo maior do que a criança que, para se vingar da mãe que lhe bateu, partiu um copo porque o atirou ao chão, propositadamente.




Estádio das operações concretas


(7 – 11/12 anos)

    O que caracteriza essencialmente este período é o facto da criança já possuir a noção de reversibilidade, isto é, já consegue operar mas somente se estiver na presença dos objectos sobre os quais irá recair a operação. A partir dos 6-7 anos, idade que coincide com o inicio da escolaridade básica, a criança pensa de maneira diferente que a criança anteriormente descrita. A criança já dispõem de estruturas operatórias que lhe permitiram seriar, classificar e numerar. A classificação exige o agrupamento por classes. A classificação é um sistema de operações que implica uma relação de semelhanças e diferenças. A criança, é agora capaz de agrupar diversos objectos pela sua cor, pelo seu tamanho e pela sua forma. A seriação consiste na ordenação de elementos segundo uma qualidade que varia. Trata-se de uma relação sobre assimetrias. A criança já é capaz de pôr por uma ordem um conjunto de bonecas de vários tamanhos e fazer-lhes corresponder as suas sombrinhas que também variam de tamanho.

    A inclusão de classes- é outra das características deste estádio, a presença desta estrutura permite à criança um conjunto de relações em que se observa que uma classe pode conter outras classes inferiores, mas que lhe estão inclusas.
A relação com os outros- a criança deste nível etário tem tendência para simpatizar com as pessoas que têm os mesmos interesses que os seus, e que a valorizam. A simpatia supõem uma escala comum de valores, que está na origem da troca, enquanto que a antipatia deriva da ausência de gostos comuns e de um certo sentimento de desvalorização.

    A socialização- neste estádio a criança já é capaz de cooperar. A criança discute com as suas companheiras para fazer prevalecer o seu ponto de vista. Ela já joga segundo regras e as crianças controlam-se umas ás outras. Agora a criança, já pensa antes de agir, porque a sua capacidade impulsiva tende a diminuir. Estas características andam associadas ao aparecimento da lógica, na medida em que esta implica um sistema de relações que exige a coordenação de diferentes pontos de vista.





Estádio das operações formais

(11/12 anos em diante)

    A partir dos 11/12 anos o jovem começa a libertar-se do concreto e a raciocinar abstractamente. Agora, já pode operar sem que seja necessário ter os objectos ou os seres perante si, para apoiarem a operação. O pensamento formal ópera sobre o pensamento simbólico, sobre a linguagem ou o simbolismo matemático. É possível fazer deduções, não tendo presente a realidade, mas sobre enunciados hipotéticos. De agora em diante, o jovem preocupa-se com problemas abstractos, como sejam os valores ou as ideologias, e interessa-se pelo futuro. A análise combinatória por exemplo, permite ao jovem tentar hipóteses de forma rigorosa e sistemática e não por obra do acaso. Se apresentar-mos quatro frascos contendo líquidos incolores (A,B,C,D) e a seguir um quinto frasco (F) que combinado com qualquer coisa dá um liquido de cor amarela, o jovem faz um a experimentação sistemática. Começa por combinar casa um dos quatro frascos com o liquido do frasco F e, caso não dê resultado, começa, por ordem, a associar os frascos dois a dois, com o conteúdo do frasco F: (A+B+F), (A+C+F), etc., até fazer todas as combinações possíveis.













Estádios Psicanalíticos de desenvolvimento segundo Freud





    À semelhança de Piaget, Freud também era da opinião de que a criança atravessa estágios. Mas os estágios psicanalíticos não se referem à qualidade do raciocínio e, sim, ás zonas corporais mais altamente catexizadas, aos lugares do corpo onde são encontradas as fontes primárias de prazer.

    Durante a infância, a área ao redor da boca e as actividades da alimentação são catexizadas de energia e o bebé experimenta um grande prazer com a actividade oral. Daí o nome estágio oral.

    No decorrer do segundo e terceiro anos de vida, a região anal e as actividades envolvidas na defecação passam a ser catexizadas. A criança experimenta agora uma grande satisfação através da estimulação da área do recto, em consequência das suas próprias actividades eliminatórias, e do tacto, banho e odor na região anal e dos seus produtos. Daí o nome de estágio anal.

    Durante os anos pré-escolares, são os genitais que passam a ser catexizados como fonte básica de prazer; o nome dai resultante é estágio fálico. Nessa época a criança inicia o seu processo de identificação com o pai do mesmo sexo, devido ao complexo de Édipo. Freud acreditava que a criança, no estágio fálico, tem desejos fantasiosos de afeição sexual pelo pai de sexo oposto. Inconscientemente, a criança tem medo de que o pai do mesmo sexo que o seu venha a saber de seus desejos e fique chateado com ela. A fim de reduzir a ansiedade de possível punição do pai de mesmo sexo a criança defende-se identificando-se com este; um processo similar ocorre com um adulto que se afilia ao grupo que o domina. A identificação da criança fá-la adoptar os valores do pai de mesmo sexo. Dado que a maior parte desses valores são do tipo “permitido - proibido”, pela sociedade, nasce o superego infantil. Devido ao facto de que a força do superego da criança influirá nos tipos de sintomas que mais tarde ela desenvolverá, se este for o caso, a complexidade do complexo de Édipo será um determinante fundamental da personalidade adulta.

    Por ultimo, na adolescencia são os objectos do amor que são catexizados; daí o nome, estágio genital. Se em qualquer estágio a catéxis é muito forte, a criança torna-se fixada, isto é resiste a passar para o próximo estágio. A fixação pode ocorrer nos estágios em que a criança, ou obtém excessiva satisfação de desejos ou recebe quase nenhuma gratificação, em determinado estágio do seu desenvolvimento.

    Observe-se quão passiva e desamparada Freud tornou a criança. Piaget nunca sugeriu que a criança não poderia passar do estágio sensório-motor para o das operações concretas, ou deste para o lógico formal. Não existe o conceito de fixação na teoria Piagetiana, uma vez que ela considera a criança como em constante crescimento. Em contraposição Freud entendia que experiências ambientais desfavoráveis poderiam impedir a criança desfazer novos progressos em direcção à maturidade emocional. É possível fazerem-se predições sobre a personalidade futura da criança, caso esta se fixe em alguns dos estágios iniciais. Supõem-se que a fixação em cada um deles tenha implicações diferentes na personalidade adulta. Foi uma sugestão audaciosa a de que prazer insuficiente ou excessivo, durante o estádio oral poderia ter efeitos indeléveis na criança, e provocar a formação no adulto de sintomas tais como o alcoolismo, a depressão e o pessimismo ou o optimismo excessivo. A fixação anal, conduz presumivelmente À avareza, ou compulsão, agressão e resistência passiva. A pompa, o narcisismo e o gabar-se em excesso derivam de ma fixação no estágio fálico. No momento actual, essas ideias devem ser consideradas hipotéticas mas sem dúvida são imaginativas.












Donald Woods Winnicott




Segundo Winnicott (1979/1983 ), cada ser humano traz um potencial inato para amadurecer, para se integrar; porém, o fato dessa tendência ser inata não garante que ela realmente vá ocorrer, pois, para tanto, depende de um ambiente facilitador que forneça cuidados suficientemente bons, sendo que, no início, esse ambiente é representado pela mãe. É importante ressaltar que esses cuidados dependem da necessidade de cada criança, pois cada ser humano responderá ao ambiente de forma própria, apresentando, a cada momento, condições, potencialidades e dificuldades diferentes. Winnicot refere 3 etapas do desenvolvimento, o estádio de dependência absoluta (dos 0 aos 3meses), o estádio de dependência relativa (dos 3 aos 6 meses), e o estádio de inquietude de posição depressiva (dos 6 aos 12 meses).

Em sua teoria, Winnicot afirma que o “estado de preocupação materna primária” implica em uma regressão parcial por parte da mãe, a fim de identificar-se com o bebé e, assim, saber do que ele precisa, mas, ao mesmo tempo, ela mantém o seu lugar de adulta. É, ainda, um estado temporário, pois o bebé naturalmente passará da “dependência absoluta” para a “dependência relativa”, o que é essencial para o seu amadurecimento.
A dependência absoluta refere-se ao fato de o bebé depender inteiramente da mãe para ser e para realizar sua tendência inata à integração numa unidade. À medida que a integração se torna mais consistente, o amadurecimento exige que, vagarosamente, algo do mundo externo se misture à área de omnipotência do bebé. Ser capaz de adoptar um objecto transaccional já anuncia que esse processo está em curso e, a partir daí, algumas mudanças se insinuam. O bebé está a passar para a dependência relativa e pode se tornar consciente da necessidade dos detalhes do cuidado maternal e relacioná-los, numa dimensão crescente, a impulsos pessoais.

No início da passagem da dependência absoluta para a dependência relativa, os objectos transaccionais exercem a indispensável função de amparo, por substituírem a mãe que se desadapta e desilude o bebé. A transaccionalidade marca o início da desmistura, da quebra da unidade mãe-bebê.

Na progressão da dependência absoluta até a relativa, WINNICOTT definiu três realizações principais: integração, personificação e o início das relações objectivas. É nesse período de dependência relativa que o bebé vive estados de integração e não integração, forma conceitos de eu e não – eu, mundo externo e interno, estágio de concernimento, podendo então seguir no seu amadurecimento, no que o autor denomina independência relativa ou rumo à independência. Aqui, o bebé desenvolve meios para poder prescindir do cuidado maternal. Isto é conseguido mediante a acumulação de memórias maternas, da projecção de necessidades pessoais e da introjeção dos detalhes do cuidado maternal, com o desenvolvimento da confiança no ambiente. É importante ressaltar que, segundo WINNICOTT (1988/2002), a independência nunca é absoluta. O indivíduo sadio não se torna isolado, mas relaciona-se com o ambiente de tal modo que pode se dizer que ambos se tornam interdependentes.














René Spitz




Utilizando como quadro de referência a relação mãe criança fala-nos da existência de três estádios no desenvolvimento, durante o período infantil. Para tal utiliza como pontos de referência o aparecimento de comportamentos específicos na criança, que ele chama de “indicadores” os quais revelam a existência de “organizadores do psiquismo”.




O estádio não objectal

( 0 aos 2 meses )

para definir este estádio, Spitz utiliza o termo de “não diferenciação”. O recém-nascido ainda não está organizado em domínios, tais como a percepção a acuidade e o funcionamento; o ambiente não é percebido, a noção de interior/ exterior não existe, as partes do corpo não são percebidas como diferentes, não há separações entre pulsões e objectos dessas pulsões. Uma vez que ignora o mundo que a rodeia a criança não consegue reconhecer o objecto libidinal. Todos os seus afectos são também indiferenciados. A mãe nesta fase torna-se fonte de quietude face a estímulos de origem interna e externa, quando estes ultrapassam certo limite e a criança chora ou grita. Tal como Freud, Spitz entende que a zona bocal e a sensação de fome/não fome, é importante na diferenciação entre o dentro e o fora.




O estádio percursor do objecto

( 2-6meses)

Nesta fase a percepção visual mais reconhecida pelo bebé é a “face humana” começando a reagir pelo sorriso e uma cara, familiar ou não. A criança percebe a face ainda apenas como um “sinal” não responde ao conjunto da face humana mas a um indicador “gestalt“ (constituído pela ponte, olhos e nariz, em movimento e visto de frente)~. Este indicador gestalt não pode ser considerado um verdadeiro objecto e por isso Spitz chama-o de pré-objecto, porque a criança não é capaz ainda de distinguir uma face entre outras, não estando assim o objecto libidinal ainda estabelecido. A mãe através da sua atitude emocional e afectiva favorece o aparecimento do sorriso, e potência o desenvolvimento da consciência no recém-nascido. Tem um papel importante nos seus processos de aprendizagem, sendo uma representação do meio ambiente.
Consequências do estabelecimento do 1ª organizador (sorriso)

- o bebé torna-se capaz de ultrapasse a recepção de estímulos internos em proveito dos externos

- formam-se traços mnesicos para reconhecer um rosto humano

- inicia-se a separação do Eu, o bebé adquiriu um “eu rudimentar” jogando à mãe o papel de um “eu auxiliar”.

- A criança passa de um estado passivo a um estado activo.

- A reposta pelo sorriso constitui a base de todas as relações sociais posteriores.





OEstádio do objecto Libidinal

(8-12 meses)-

A criança tem a capacidade para uma diferenciação preceptiva bem desenvolvida. Quando se encont5ra frente a um desconhecido, confronta estes traços com os da cara familiar da mãe e apresenta então uma recusa de contacto acompanhada de angustia ( angustia do estranho), que é uma angustia de perca do objecto. A criança reage face ao rosto de um estranho porque se sente abandonada pela mãe. A mãe torna-se objecto libidinal.
Ocorre:

- mudança no aspecto somático com um desenvolvimento do aparelho sensorial necessário à percepção pela mielinização.

- mudança no aparelho mental pela multiplicação de traços mnésicos que permitem operações mentais mais complexas e sequências de acções dirigidas.

- Mudança na organização psíquica, porque estas possibilidades de acção permitem a descarga de tensão efectiva dirigida e desejada.










Conclusão



Através da exploração dos estudos de vários psicólogos como Piaget, Winnicot, Spitz, e Freud foi possível verificar as diferentes teorias que existem sobre o desenvolvimento. Este campo examina mudanças através de uma ampla variedade de tópicos, incluindo habilidades motoras, habilidades em solução de problemas, entendimento conceitual, aquisição de linguagem, entendimento da moral e formação da identidade. Assim viu-se a importância de uma psicologia do desenvolvimento para uma avaliação psicológica. É importante saber o que aconteceu na infância de um indivíduo para poder compreender os seus comportamentos.